sexta-feira, agosto 12, 2005
Aeroporto da Ota e TGV (III)
Os muitos estudos a que se refere o Público pouco têm de análise económica, mesmo na vertente mais simples que é a análise custo-benefício. Mais preocupante é o artigo do Ministro das Obras Públicas no DE. Revela pura ignorância, pois uma análise preliminar de impacte ambiental é apenas um dos exercícios de uma análise económica. Realmente estamos a anos-luz dos países mais desenvolvidos, e aqui a responsabilidade é única e exclusivamente dos policy-makers portugueses, neste caso o Governo socialista, pois existe em Portugal capital humano e científico para suprir as necessidades.
A quantidade e forma de elaboração dos estudos também diz muito do mercado de estudos e pareceres em Portugal e que poucos conhecem. É um mercado bastante fechado, com preços elevados (mesmo acima de muitos outros países como Espanha, Reino Unido ou Estados Unidos que são os que conheço), e onde impera a falta de qualidade e rigor técnico (em parte, porque não há accountability já que pratica-se uma vez guru, para sempre guru). Muito raremente a escolha dos consultores é por concurso, quase sempre são os amigos a que se pagam favores. Não se cumprem os prazos de entrega, não se procede a uma avaliação posterior do estudo ou parecer, e utiliza-se o idioma como barreira à entrada.
Nos países mais desenvolvidos os estudos e pareceres são elaborados pelos burocratas (com alto capital humano) e depois sujeitos à discussão pelos especialistas académicos. Mas a cultura administrativa e académica portuguesa tem uma relação muito dificil com a crítica ou a discussão (o parecer dos sábios não se discute), e ainda menos pode suportar qualquer tipo de avaliação (sempre controles de input, nunca de output). Que os estudos e pareceres acabem na gaveta pode ser uma boa forma de gerir todo este processo, dada a qualidade técnica e o rigor científico de muitos deles.
A quantidade e forma de elaboração dos estudos também diz muito do mercado de estudos e pareceres em Portugal e que poucos conhecem. É um mercado bastante fechado, com preços elevados (mesmo acima de muitos outros países como Espanha, Reino Unido ou Estados Unidos que são os que conheço), e onde impera a falta de qualidade e rigor técnico (em parte, porque não há accountability já que pratica-se uma vez guru, para sempre guru). Muito raremente a escolha dos consultores é por concurso, quase sempre são os amigos a que se pagam favores. Não se cumprem os prazos de entrega, não se procede a uma avaliação posterior do estudo ou parecer, e utiliza-se o idioma como barreira à entrada.
Nos países mais desenvolvidos os estudos e pareceres são elaborados pelos burocratas (com alto capital humano) e depois sujeitos à discussão pelos especialistas académicos. Mas a cultura administrativa e académica portuguesa tem uma relação muito dificil com a crítica ou a discussão (o parecer dos sábios não se discute), e ainda menos pode suportar qualquer tipo de avaliação (sempre controles de input, nunca de output). Que os estudos e pareceres acabem na gaveta pode ser uma boa forma de gerir todo este processo, dada a qualidade técnica e o rigor científico de muitos deles.
Comments:
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Politicos mediocres como os nossos obviamente tem horror aos conceitos de avaliacao e transparencia.
Pergunto-me: quando comecara a opiniao publica em Portugal finalmente a dizer que o rei vai nu e que o interesse do governo na Ota e no TGV resume-se mera e despudoradamente ao financiamento partidario? Ha alguma outra explicacao possivel - ou pelo menos plausivel - 'a recusa em avaliar antes de decidir, sobretudo num contexto de defice de 6%?!
Pergunto-me: quando comecara a opiniao publica em Portugal finalmente a dizer que o rei vai nu e que o interesse do governo na Ota e no TGV resume-se mera e despudoradamente ao financiamento partidario? Ha alguma outra explicacao possivel - ou pelo menos plausivel - 'a recusa em avaliar antes de decidir, sobretudo num contexto de defice de 6%?!
E assim vai o mundo... curioso é que a opnião pública, os jornais e as TVs não parecem tão preocupados com vários factos como anteriormente. Por exemplo: não ha ainda um Provedor para a Santa Casa, não se conhecem os "verdadeiros estudos" da OTA e TGV, compra-se submarinos em vez de eqto para combate a incendio, as listas de espera na saúde que crescem e crescem, o custo da energia que não para de aumentar, a eternidade que os tribunais levam a decidir qq coisa, os primeiros impactos reais das medidas fiscais... E a qttd de promessas de programas, medidas, planos e orientações estratégicas para a economia tarda em chegar. Mas ninguém se preocupa, ninguem pergunta, ninguem quer saber... os jornalistas dormem, o povo vai a banhos (apesar da alegada crise). Curioso...
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