Reforma da Justiça

A qualidade do debate político em Portugal é aflitiva. O maior problema é que as instituições não funcionam de uma forma produtiva. Um político não tem que ser um génio, nem sequer uma pessoa muito inteligente, mas convém que oiça quem detém o conhecimento. Em Portugal, no entanto, não são as grandes cabeças que ocupam os centros de produção de conhecimento (em sentido amplo, como é óbvio). É nomeação política para aqui e para acolá. A própria universidade é catastrófica, com uma ou outra excepção, casos em que é mais-ou-menos... Faço parte de uma geração que está a ficar com a mentalidade dos indianos da década de 70: vamo-nos embora que isto é uma coisa abominável! Portugal é um país com enormes recursos estratégicos, é uma pena que não saibamos cuidar do nosso bem comum. Em tempo de globalização acelerada, as pessoas de qualidade preferem mudar-se a ficar cá a mudar os outros. E o cúmulo é que no fundo ninguém quer que eles voltem, porque quem fica a ocupar posições domésticas é quem foi recusado no processo de admissão lá fora, desiste de voltar a tentar ou tem medo de competir... Não me preocupo tanto com a má qualidade dos políticos, mas com a má qualidade das instituições. Portugal está a tornar-se uma coutada dos monopólios dos medíocres, com os célebres fazedores de opinião a dizerem os maiores dislates, etc. Esta nossa sociedade civil deixa muito a desejar e isso, isso sim, é mesmo muito grave!