terça-feira, agosto 01, 2006

 

Rankings de Economia e Direito

Vários jornais têm publicado os rankings da produção académica em economia produzidos pelo Paulo Guimarães e co-autores. Pode-se discutir se o critério A é mais ou menos adequado que o critério B, mas em qualquer caso verifica-se de forma consistente que não existe nenhuma semelhança entre a lista dos economistas mais produtivos no seu meio laboral, o académico, e aqueles que na comunicação social cada dia são apresentados como especialistas e gurus (aqueles que todos dizem sempre que têm imensa competência técnica). Num artigo publicado no Público tentei explicar a razão. Mas o mais curioso é ver cada dia esses especialistas falarem de produtividade, ou quando estão no governo discutirem a produtividade dos outros, e verificar que no seu meio laboral têm produtividade muito baixa, mesmo confrangedora. Mas o que eles dizem, mérito, produtividade, avaliação, performance, só se aplica realmente aos outros, suponho...

Uma segunda nota importante: o avanço que a Economia nesta matéria dos rankings tem sobre o Direito e as restantes ciências sociais, onde não existem rankings e onde o reconhecimento internacional é patético. Contam-se pelos dedos de um mão os ilustres juristas que são citados ou reconhecidos fora do mundo português. E os muito poucos que o são, em Portugal estão ostracizados, vilificados e escorraçados das faculdades de Direito. Mas também aí fala-se de mérito, produtividade, avaliação, novos tempos, etc...

Comments:
Que eu saiba, há um único jurista português que publica em periódicos reputados lá fora: Miguel Poiares Maduro. Mas há mais. Paula Escarameia doutorou-se em Harvard e não viu o grau reconhecido pela Faculdade de Direito de Lisboa que, desafiada pela Harvard Law School para uma "sabatina" de direito internacional, ficou em silêncio. Pessoalmente até acho a tese de doutoramento de P. Escarameia um trabalho sem grande rasgo, sem grande brilho, mas comparada com muitas enormidades que por cá se publicam... ao que acresce que ela tinha vinte e tal anos quando se doutorou e alguns dos nossos medíocres doutores em direito doutoraram-se na casa dos quarenta.

É o país que temos. Quantos doutores em direito escrevem sequer em inglês? É que - espantem-se! - as revistas em Yale, Harvard e Chicago não aceitam artigos em português. Apesar de, como se sabe, o português ser uma língua entelequialmente jurídica e os mestres de Lisboa e Coimbra os mais altos sacerdotes do cabalismo jurídico...

Pouca produtividade e má produção. Porque é que o mercado não elimina estes vícios? Porque não há mercado: se querem corporativismo na boa tradição da literatura institucionalista romena, é só visitarem os corredores de uma das nossas queridas faculades de direito...
 
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