segunda-feira, junho 11, 2007

 

A lei consoante a ocasião

Os poucos comentadores na comunicação social portuguesa que se referiram ao fim da trégua da ETA alinharam quase na totalidade e como sempre pelos editoriais do El País, jornal de referência que leio cada manhã, mas sem dúvida tendencioso. Zapatero fez bem em iniciar o processo de paz, Zapatero fez bem em manter esse processo de paz entre o atentado da T4 em Dezembro último e o comunicado da ETA de 6 de Junho, Zapatero fez bem em declarar que agora esmagará os terroristas com o Estado Direito mas mantém a ANV nos municípios. Segundo o El País e os especialistas portugueses, Zapatero fez sempre bem. Ainda bem!

Porém uma coisa incomoda-me muito. Otegi e De Juana Chaos são delinquentes que devem estar na cadeia pelos crimes que cometeram, todos os partidos pró-violência devem ser ilegalizados (e consequentemente deixar de beneficiar do financiamento público) nos termos da lei. Os delitos são os mesmos antes e depois de 6 de Junho; a lei é a mesma antes e depois de 6 de Junho, a atitude do Ministério Fiscal é que não. O comportamento anterior e posterior a 6 de Junho das autoridades judiciais espanholas é inaceitável e degradante contribuindo de forma sustentada para o desprestígio das instituições judiciárias. Se o Governo Zapatero queria tratar o mundo etarra com benevolência deveria alterar a lei e não utilizar o Ministério Fiscal. É que anunciar agora que vai esmagar os terroristas com o Estado de Direito é macabro já que esse mesmo Governo se encarregou de torpedear esse Estado de Direito durante um ano fugindo da aplicação da lei, a mesma lei que agora quer aplicar com tolerância zero. Que credibilidade têm as autoridades judiciárias espanholas para ver delitos onde não havia delitos há três semanas? A irresponsabilidade paga-se caro e a credibilidade perdida não volta tão depressa! Por mais que se esforcem os editoriais do El País.


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